sexta-feira, 11 de março de 2011

Grupo de Estudos em GESTALT-TERAPIA FASU/FAEF



A Gestalt-terapia é uma abordagem psicológica que tem seu nascimento

oficial marcado pela publicação, em 1951, do livro “Gestalt Therapy: excitement

and growth in the human personality”, escrito por Frederick Perls, Ralph

Hefferline e Paul Goodman. Publicado no Brasil, em 1997. A Gestalt-terapia

surgiu no século passado, na década de 50, nos EUA, como uma nova

abordagem psicoterapêutica (RODRIGUES, 2000). Seu nome é proveniente da

Psicologia da Gestalt, que pesquisa as formas de percepção do mundo, a

maneira como vemos as coisas (a percepção visual). A palavra "Gestalt" é

alemã e não tem tradução literal para nossa Língua, mas possui um significado

de "dar forma", de "partes que se relacionam formando um todo". Deste

princípio (ver as coisas como um todo, holisticamente) e considerando ainda

importantes contribuições filosóficas, surgiu um ímpeto transformador em

psicoterapia.

Nasceu, então, no início da década de 50, mas foi principalmente a

partir da década de 60, com o surgimento dos movimentos de contracultura,

que a Gestalt-terapia encontrou espaço para se expandir, principalmente nos

EUA, tendo em vista ter se criado o terreno propício para o desenvolvimento

das suas idéias tão inovadoras e revolucionárias dentro do cenário

psicoterápico da época. Aos poucos, foi se afirmando e exercendo atração em

muitas partes do mundo. Na época, surgiu enquanto uma proposta clínica,

mas, atualmente, vem sendo desenvolvida em outros campos de atuação do

psicólogo, refletindo e acompanhando as diversas transformações que vêm

ocorrendo no mundo ao longo dos tempos; principalmente, em relação aos

novos paradigmas das ciências, visto que ela oferece uma visão integrada dos

fenômenos do Universo, ou seja, uma visão holística da realidade

(RODRIGUES, 2000).

Frederick Perls, judeu alemão, comumente chamado de Fritz, é visto

como o principal criador da Gestalt-terapia; no entanto, muitos a consideram

fruto, sobretudo, das discussões e produções do chamado “grupo dos sete”, do

qual Fritz fazia parte; era um grupo de intelectuais não-conformistas, que

questionavam os códigos sociais vigentes na sociedade americana do pós-II

Guerra, e buscavam um estilo de vida e de expressão mais autênticos.

Segundo PIMENTEL (2003), a Gestalt-terapia é uma abordagem cujo

conceito básico consiste na indissociabilidade da consciência e de seus

objetos ela está entre as abordagens fenomenológicas existenciais.

A visão holística da Gestalt-terapia envolve compreender o homem, a

natureza, o Planeta, cada ser vivo, cada objeto ou fenômeno do Universo,

enquanto uma totalidade; ou seja, enquanto uma unidade indivisível, um todo

que é muito maior que a soma de suas partes, pois só pode ser compreendido

pelas interações entre as partes que o compõem. Sendo assim, esta visão de

que tudo no mundo se encontra numa relação de interdependência e que, com

isso, nada pode ser compreendido isoladamente, nos remete à palavra gestalt;

esta, apesar de não encontrar equivalentes em outras línguas, significa

estrutura ou configuração, e envolve a idéia de totalidade e de organização

(MAYER, 1986).

A Gestalt-terapia compreende, então, o homem enquanto uma

totalidade, ou seja, um sistema integrado e organizado, uma unidade indivisível

corpo/mente, onde não há separação entre as partes que o compõem, mas sim



integração, correlação, organização e interdependência (MAYER, 1986).

Assim, não há no homem separação entre o seu sentir, o seu pensar e o

seu agir. Sua mente, seu corpo e suas manifestações são partes de um todo,

ou seja, são formas diferentes de expressão daquele ser humano e estão,

portanto, integradas e contribuindo para a configuração desse todo. Desta

forma, se algo muda em qualquer uma das suas partes, seja um aspecto

emocional, mental, físico ou espiritual, o todo é reconfigurado, surge uma nova

organização, uma nova gestalt (PERLS, 1997).

A visão holística da Gestalt-terapia aponta, também, para uma

compreensão do homem enquanto parte de uma totalidade mais ampla e mais

complexa, que representa o contexto no qual ele se encontra inserido.

Considerando, então, o homem enquanto um ser-no-mundo, um ser de

relação, procura focalizar a totalidade da relação que o indivíduo estabelece

com o seu meio (MAYER, 1986).

Esta relação indivíduo-meio é compreendida na Gestalt-terapia, a partir

das noções de singularidade, de liberdade e de responsabilidade; e a partir da

crença no potencial criativo do homem, no seu poder de recuperação e de

transformação, na sua tendência ao equilíbrio, à autorregulação, ao

crescimento; na sua capacidade de se construir e reconstruir na sua relação

com o mundo, sem desconsiderar, contudo, os limites, as dores, os conflitos,

as contradições, que essa construção pode envolver.

Dessa forma, os métodos que o gestalt-terapeuta se utiliza para abordar

a experiência humana implicam em compreender o indivíduo como um ser uno;

considerando, então, não somente o seu discurso, o seu corpo ou o seu

comportamento, mas todas as manifestações de suas dimensões sensoriais,

afetivas, intelectuais, corporais, sociais e espirituais, visando a alcançar a

totalidade e a singularidade da relação do parceiro terapêutico (PT) cliente

consigo mesmo e com o mundo, visando a alcançar o verdadeiro sentido do

seu viver (PERLS, 1997).

O gestalt-terapeuta vai ao encontro da realidade do parceiro terapêutico;

investigando as suas experiências da forma como elas acontecem e se

processam. No entanto, o sentido dessa relação do parceiro terapêutico com

seu meio será dado pelo próprio parceiro terapêutico; o terapeuta é apenas um

facilitador nesse processo de investigação, de compreensão deste sentido.

Sendo assim, o gestalt-terapeuta utiliza um método descritivo e não explicativo;

ou seja, procura investigar o que está acontecendo com o parceiro terapêutico

e como está acontecendo; procurando, através de uma postura interessada,

presente e acolhedora, sem “a prioris”, colocando de lado os julgamentos, os

conhecimentos anteriores, os pré-conceitos, focalizar aquilo que o parceiro

terapêutico manifesta no momento presente, no aqui-agora da relação

terapêutica (PERLS, 1997).

Com isso, o terapeuta procura facilitar o processo de autoconhecimento

do parceiro terapêutico, o processo de conscientização sobre si mesmo na

relação com o mundo, de forma que ele possa conhecer e experimentar aquilo

que ele está podendo ser naquele momento; conhecendo tanto os seus

recursos, suas habilidades, como os seus impedimentos, as suas dificuldades,

ou seja, tanto aquilo que é saudável quanto o que não é saudável na busca

pela satisfação das suas necessidades na relação com o mundo (PERLS,

1997).

A Gestalt-terapia acredita numa sabedoria organísmica, ou seja,



acredita que quando o indivíduo encontra um ambiente e relações favoráveis,

confirmadoras e não judicativas; ele tende, naturalmente, ao crescimento e

desenvolvimento de suas potencialidades, tende a realizar novas e melhores

escolhas, no seu processo de construção e reconstrução de si mesmo e da

sua vida. Assim sendo, a Gestalt-terapia dá uma grande ênfase à relação

terapêutica, pois ela representa um microcosmo onde o parceiro terapêutico, a

partir do ambiente favorável, seguro e confirmador que é fundamental que o

terapeuta favoreça, poderá experienciar aquilo que ele é, assim como novas

formas de interação, novos sentimentos, novos comportamentos, novas

percepções; e, assim, caminhos mais satisfatórios na sua relação com o

mundo e consigo mesmo, de modo a conquistar o seu bem-estar e uma melhor

qualidade de vida (PERLS, 1997).

“Gestalt-Terapia, mais que uma abordagem psicoterapêutica, é, antes,

um estado de espírito, uma filosofia de vida, um jeito de ser-e-estar-no-mundo,

a arte de flagrar o real” (BERVIQUE, 2007, p. 29).



BIBLIOGRAFIA DE APOIO.

BERVIQUE, J. de A. A bênção, Fritz...: Gestalt-terapia, eu e você. 2. ed.

Bauru: EDUCON, 2007.

GINGER, S.; GINGER, A. Gestalt: uma terapia do contato. São Paulo:

Summus, 1995.

MAYER, E. L. Frederick S. Perls e a Gestalt-terapia. In: FADIMAN, J; FRAGER,

R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986.

PERLS, F. S. Gestalt – terapia explicada. São Paulo: Summus, 1997.

POLSTER, E.; POLSTER, M. Gestalt-terapia integrada. São Paulo: Summus,

2001.

PIMENTEL, A. Psicodiagnóstico em Gestalt – terapia. São Paulo: Summus,

2003.

RODRIGUES, H. E. Introdução à Gestalt-terapia: conversando sobre os

fundamentos da abordagem gestáltica, Petrópolis. RJ: Vozes, 2000.

YONTEF, G. M. Processo, diálogo e awareness. São Paulo: Summus, 1998.

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