Dentro da linha de pensamento sobre o tema da Motivação Humana que estamos discorrendo nas últimas edições, vale pena falar um pouco sobre Abraham Maslow e sua visão sobre o ser humano por ser esta, de extraordinária contribuição conceitual à Psicologia. Abraham Maslow nasceu no dia 1 de abril de 1908, no Brooklyn, Nova Iorque e, faleceu em 1970, aos 62 anos de idade. Foi o primeiro dos 7 filhos de seus pais, que eram judeus, com pouca educação e imigrantes da Rússia. Seus pais, querendo o melhor para seus filhos, foram extremamente exigentes em relação ao sucesso acadêmico. Para satisfazer seus pais, Maslow estudou primeiro Direito. Casou-se com Bertha Goodman em 1928, sua prima - primeiro grau, contra a vontade de seus pais. Com ela teve duas filhas. O casal mudou-se para Wisconsin para que ele pudesse cursar a Universidade. Foi lá que ele se interessou pela psicologia. Terminou sua graduação em 1930, seu mestrado em 1931 e seu doutorado em 1934, todos em psicologia. Coordenou o Curso de Psicologia em Brandeis de 1951 a 1969. Durante toda sua carreira como psicólogo, interessou-se profundamente pelo estudo do crescimento e desenvolvimento pessoais e acreditava piamente que a psicologia era um instrumento de promoção de bem estar social e psicológico. Maslow é considerado o criador da Psicologia Humanista ao propor entre outras coisas, uma visão total e integral do ser humano- de que a pessoa precisa e deve ser vista como um todo unificado. Sua psicologia foi de extrema importância pois tratou de equilibrar as conquistas levadas a efeito pela ciência psicológica tanto na psicanálise como no Comportamentismo naquele dado momento histórico. Pois, enquanto a psicanálise procurava identificar as doenças e descrevê-las, o comportamentismo preocupava-se com as ações do indivíduo evitando as questões relativas ao afeto e às emoções presentes nas ações. Dessa forma, segundo Maslow, a psicologia de então estava se preocupando em estudar apenas uma metade do ser humano e, esse estudo, acabava por oferecer uma concepção pessimista, negativa e limitada do homem; pois ela estava se ocupando mais das deficiências do que das virtudes do ser humano, era uma psicologia que mutilou a TOTALIDADE do homem estudando somente sua metade obscura. Maslow censura essa postura e pergunta: onde está a psicologia que leva em conta a alegria, a exuberância, o amor, as potencialidades, as capacidades e a criatividade, qualidades estas que pertencem também ao ser humano? Sua crítica é que a psicologia de seus dias tinha esquecido a metade essencialmente boa do ser humano, pois para ele, a natureza humana está muito longe de ser somente má. Ou seja, para Maslow, o homem não está destinado a somente sofrer, adoecer e padecer nessa vida, pelo contrário, pode e deve ser feliz! Deve buscar usar suas potencialidades, sua criatividade, expor e vivenciar seu amor, alcançar seus sonhos e objetivos, acreditar mais em si mesmo, responsabilizar-se por seus atos, construir seu amanhã, saber que é livre, acreditar em sua experiência de vida e procurar viver um nível de satisfação pessoal e profissional acima do normal. Para Maslow, essa postura frente a vida, é saúde psicológica e existencial. Doença ou anormalidade é tudo aquilo que nega, frustra e bloqueia essa natureza sadia do homem de vir a tona. Falando dessa forma, podemos ter a impressão de que o pensamento de Maslow é um discurso ufanista e ilusório sobre quem é o homem. Mas jamais podemos assim pensar! Ele admitia a inexistência de pessoas perfeitas, tinha consciência de quantos estragos o homem já desenhou na história humana, mas não aceitava dizer que a realidade humana possui somente um lado sombrio. Pelo contrário, acreditava e apostava no ser humano e, com isso, lançou bases para a esperança em relação ao futuro de vida de cada um de nós, pois sua proposta nos incentiva a acreditar que podemos ser melhores hoje do que fomos ontem e melhores amanhã do que fomos hoje. Sua proposta nos faz acreditar na vida, em nós mesmos, em nossos talentos e que podemos ser aquilo que devemos ser: pessoas maduras e sadias.
mas acredita, aposta o presente artigo
Professor Márcio Roberto Agostinho
Diretor da Faculdade de Ciências da Saúde
Coordenador do Curso de Psicologia
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