No livro o Mundo de Sofia – Romance da História da Filosofia de autoria de Jostein Gaarder, percebe-se no diálogo do autor com Sofia, uma exortação séria para que as pessoas não se acostumem com a vida, achando-a uma coisa normal e corriqueira. Ao que tudo indica, ao longo de nossa infância e vida adulta, perdemos a capacidade de nos admirarmos com as coisas do mundo. Por diferentes motivos, a maioria de nós é tão absorvida pelo cotidiano, que a admiração pela vida acaba sendo completamente reprimida, vamos vivenciando o mundo como uma coisa absolutamente normal. Na verdade, parece que nos tornamos apáticos e indiferentes ao(s) encanto(s) da existência. É justamente essa postura de admiração pela vida, que os filósofos e as crianças querem nos lembrar sempre: de não se acostumar com o milagre que é a vida, que é estar no mundo, que é pode respirar e sentir tudo à sua volta. É preciso o quanto antes, que re-encantemos a nossa vida. O que é re-encantar? Segundo dicionário, re-encantar pode ser entendido como voltar a se fascinar, permitir que se provoque uma irresistível admiração por qualquer coisa, no caso aqui, pela Vida. E o que é a vida? Sem dúvida alguma, muitas respostas podem ser dadas para tentar conceituá-la, mas para o objetivo do presente texto, vida deve ser compreendida como “O Fato de Viver e estar neste mundo”, como o período compreendido entre o nascimento e a morte. Assim sendo, à medida que vivemos, precisamos como que num exercício diário, nos fascinar pela a vida, ressuscitar nossos sentidos, possuir uma profunda admiração por cada instante e cada experiência que vivenciamos no dia a dia. Não é a toa que o momento que estamos vivendo é sempre chamado de presente, pois de fato é um PRESENTE. É esse presente que precisa ser valorizado e encantado sem que precisemos passar pelo sofrimento para descobri-lo. Existem inúmeros casos de pessoas que só descobriram a maravilha do cotidiano depois que a doença ou a morte se aproximaram. A doença e a morte de fato, possuem esse poder de dar brilho às coisas antes empalidecidas, de tornar objetos, pessoas, lugares antes ignorados e banais, em coisas repentinamente luminosas e extraordinárias. Se soubéssemos que vamos ficar cegos, que cenários veríamos num simples grão de areia? Neste caso, a doença tem um papel pedagógico valioso. Mas para re-encantar a vida, penso que não é preciso e nem é sábio esperar o sofrimento para descobrir a Maravilha Cotidiana que é não sentir dor, que é ter os filhos vivos e com saúde, ter um emprego, possuir uma casa para morar, a comida sobre a mesa todos os dias, etc... O que estamos esperando, como se a vida ainda não tivesse começado ou como se estivéssemos à espera de algum evento maravilhoso que vai marcar o início real da vida? É bom nos lembrar da lição do Filme “Sociedade dos Poetas Mortos” quando diz Carpe diem que quer dizer: colha o dia, aproveite o momento!
Professor Márcio Roberto Agostinho
Diretor da Faculdade de Ciências da Saúde
Coordenador do Curso de Psicologia
Entre em contato, tire suas dúvidas: psicologia@faef.br
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